segunda-feira, 25 de maio de 2009

sobre os defeitos 'auto-análise'


"Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro… Há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu…Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma."
Trecho de Minhas Queridas - Clarice Linspector

sexta-feira, 22 de maio de 2009

hj eu quero apenas uma pausa de mil compassos...

Mais uma vez...

5 e-mails, 2 celulares e agora 3 agendas e para que isso tudo se eu continuo sem conseguir organizar todo o meu tempo.
Hoje no ônibus eu resolvi fazer uma listinha do que eu quero fazer. Como se fosse uma lista de prioridades sem ordem, porque todas elas têm importância para mim. Nem preciso dizer que a folha acabou e as minhas prioridades não. São todas coisas que eu preciso e quero fazer.
Quando eu vou aprender a organizar meu tempo?
Será que o problema é mesmo meu tempo ou eu simplesmente levo muito a sério aquela historinha de ‘multiplicidade’?
Eu não quero magoar ou abandonar nada nem ninguém, mas mesmo assim eu faço isso às vezes. A pior parte é que a única coisa que eu consigo fazer é pedir desculpas e de que serve essa palavra?
Demonstração de arrependimento? Eu acho que não, nem sempre eu me arrependo. Para falar a verdade quase nunca. Eu vejo o erro, assumo que errei me sinto mal pelo que magoou, mas não me arrependo. É como se não quisesse negar as minhas possibilidades. São tantas...
O tempo...
E tantas coisas para fazer...
Eu queria conseguir organizar tudo isso. Queria que todos soubessem que não é descaso, ao contrário, talvez seja só amor demais.


terça-feira, 12 de maio de 2009

"O bicho, meu Deus, era um homem"


Ok... Atrasos, banho, pensamentos soltos e passados... Enfim, minutos depois eu não consigo controlar os meus dedos. Claramente a saladinha e o suco de soja (prioridade ridícula para um ser ‘pensante’) fica para depois.
Deixando a culpa pelas inspirações ou plágios de lado eu não posso deixar de contar mais um momento decisivo e ridículo para a formação de um caráter nesse país maravilhoso.
Cena típica...
Começo de noite, terça-feira, despedida do namorado... Melações à parte (afinal nem eu me agüento de tanto dengo – conseqüência de uma paixão novinha em folha e confusa para não variar) uma cena barulhenta tira a minha atenção do meu mundinho irritantemente romântico. (Desculpa, mas eu tenho que fugir do meu lado ‘laranja lima’ e dar uma de ‘limãozinho’, senão provavelmente se vão horas e mais horas de romance insuportavelmente romântico – Prometo não falar mais!)
Corre-corre, seguranças e um tapa. Estalado e nas costas. Um menino, que pode ser chamado rapaz, é aquele que cai no chão enquanto dois seguranças nanicos, metidos a ‘dono do mundo’ resolvem começar o seu ritual banal de auto-afirmação e bater no (nem tão pobre) rapaz que roubou, nada mais ou nada menos que, biscoito.
Daí pra frente todo mundo imagina o que aconteceu. Carro parando, gente se chegando, revoltando, olhando. E claro, eu não me excluo dessa multidão tão superficial.
De repente até surge em defesa do (ainda não) acusado um homem trabalhador. “Ele não tem o direito de bater assim... Eu tenho um irmão preso... e blá blá blá”. Nossa! Só no Brasil mesmo para um trabalhador gritar com tanto orgulho a façanha do irmão delinqüente.
Cena de todos os dias. Que ao contrário da digna história contada em um blog, muito apreciado por mim, não merece ser contado de uma forma linda e poética. Isso tem que ser escrito no mesmo nível do acontecido e sem nenhuma coerência.
O final? Advinha só? Pizza! Ou melhor... Biscoito!
Porque o ‘homem trabalhador’ defendeu heroicamente o ‘menino carente’ que saiu caminhando e arrumando a camisa enquanto comia o biscoito que causou a agressão dos dois comediantes ou melhor ‘seguranças’ que seguiram na direção oposta. Sem polícia, sem dinheiro e sem biscoito.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

poutporry 'de mim'


"(...) Coração não tem barreira, não/Desce a ladeira, perde o freio devagar/Eu quero ver cachoeira desabar/Montanha, roleta russa, felicidade/Posso me perder pela cidade/Fazer o circo pegar fogo de verdade/Mas tenho meu canto cativo pra voltar.

Eu posso até mudar
Mas onde quer que eu vá
meu cantinho há de ir (...)"
(Cantinho escondido)


"Lágrimas, tormentos / Quantas desilusões / Foram tantos sofrimentos e decepções, mas um dia o destino a tudo modificou.Minhas lágrimas secaram /Meus tormentos terminaramFoi uma nuvem que passouE hoje a minha vida é um carrossel de alegrias E como se não bastasse, estou amando de verdade.Me perdoa se eu me excedo em minha euforia Mas é que agora sei o que é felicidade"
(lágrimas e tormentos)

"Na péle braile prá ler/ Na superfície de mim /Milímetros de prazer /Quilômetros de paixão...Vem pr'esse mundo Deus quer nascer / Há algoinvisível e encantado / Entre eu e você...Vem pr'esse mundo Deus quer nascerQue a alma aproveita prá ser A matéria e viverQue a alma aproveita práViver!..."
(a alma e a matéria)

sábado, 9 de maio de 2009

(...)

"Eis o melhor e o pior de mimO meu termômetro, o meu quilateVem, cara, me retrateNão é impossívelEu não sou difícil de lerFaça sua parteEu sou daqui, eu não sou de MarteVem, cara, me reparaNão vê, tá na cara, sou porta bandeira de mimSó não se perca ao entrarNo meu infinito particularEm alguns instantesSou pequenina e também giganteVem, cara, se declaraO mundo é portátilPra quem não tem nada a esconderOlha minha caraÉ só mistério, não tem segredoVem cá, não tenha medoA água é potávelDaqui você pode beberSó não se perca ao entrarNo meu infinito particular"
Marisa Monte - Infinito Particular

sexta-feira, 8 de maio de 2009

previsão (por um) tempo


Eu posso até casar, mas não agora.
Eu quero me apaixonar, mas não por força.
Eu tenho sonhos e eles são doces, como laranja lima.
Eu tenho medos, mas tento fugir deles.
Eu quero ser livre, mas ter alguma coisa à que me prender.
Eu quero amar com liberdade.
Eu quero tantas coisas que nem consigo entender como posso ser e querer tantas coisas distintas ao mesmo tempo.

Se as pessoas falassem menos, se elas não esperassem tanto. Se o relógio ficasse no bolso ao invés do pulso. Se os olhos fossem sempre sinceros. Se a paciência fosse sempre uma virtude. Se (...)
Talvez se as coisas acontecessem (não do jeito certo, mas) de um jeito único talvez eu não precisasse me limitar em falar do tempo.



“Nuvens carregadas crescem no litoral do Amapá e provocam mais chuva em Macapá. A chuva cai fraca agora e a temperatura está em torno de 25C.”

(in)certeza

"Look back
Don't you dare let me start to do that...
I don't care if the things that I have
Only make me afraid to lose...
I need to let go / Need to want to keep letting you know
That we both have a reason to follow
Long as we let this lead I'm barely breathing"

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ironic?


E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
(...)
Eduardo e Mônica (mais uma vez) nada parecidos
Ela era de ‘touro com ascendente em escorpião’ e ele tinha ‘vinte dois’
Ela já fez Arquitetura e fala italiano
E ele (acho que nem foi) nas aulinhas de inglês
(...)
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser...
(...)
E os dois vão comemorar juntos
E também vão brigar juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz
(...)
E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

mais uma despedida



Por que tanto medo de ‘ser’ o que se ‘é’?

Eu não falei nada querendo te magoar, moço. Eu só mostrei o que você me deixou ver por todo esse tempo. Eu sempre me calei. Eu estava perdida. Eu precisava de apoio para aprender a andar com as minhas próprias pernas, mas era só uma fase. Hoje eu não preciso mais de qualquer tipo de incentivo que venha com pressão, negação, imposição ou qualquer outro tipo de ‘incentivo’ que gere sofrimento.
Eu cresci. Infelizmente você nunca me amou. Você apenas ‘ama’ aquilo que pode controlar. Você quer pequenos fantoches.
Ela...
Talvez seja só mais um dos seus brinquedos. Isso eu não posso mudar e nem sei o quanto eu realmente quero mudar.
Para os dois só resta a minha decepção (mais para Ela do que para Você). Um amor muda a vida de qualquer pessoa. Faz pensar e trás mudanças de amizades, compromissos, ou prioridades. Mas eu acreditava ser mais que isso.

Inocência.
Sem raiva... Sem vingança... Sem pecado ou pecador... Eu os deixo viver (juntos) separadamente.

Depois de tudo o resultado é neutro. Você não me tirou nada, só me poupou de fingir concordar ou aceitar um ‘ramo’ a mais que teria de chamar família. Mas Ela me tirou muito. Eu perdi confiança, risos, carinhos, conversas, segurança, casa, viagens e parte do meu passado. Se os dois não conseguem achar a felicidade eu não posso dizer nada. Eu simplesmente me afasto e sigo sem olhar para trás. Sem esperar nada.

Aqui é mais um “descanso” no meio da estrada. Mais uma cruz que é colocada para lembrar que alguém, ou alguma coisa morreu. Na minha vida vocês sempre vão ter a marca do amor, apesar de não querer mais a proximidade.
Como sempre, nessas horas, a gente precisa escrever algumas palavras. Eu não escolho palavras bonitas, versos ou qualquer tipo de pensamento. Eu escrevo PERDOADO.

e espero, porque sei que um dia vai passar...

terça-feira, 5 de maio de 2009

e lá vem mais balões (...)


Ah... esse medo que eu tenho!
Se pelo menos eu soubesse quem está atrás do lençol (...).

"A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela,
estátua súbita,
mas
esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.
Medo que ofusca: luz!
(...)

A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!"

O adolescente, Mario Quintana(1906-1994)

sábado, 2 de maio de 2009

Res-pirar



"Para seduzir, olhar /Para divertir, bobagem/Para o carro, devagar/Mas para enfrentar, coragem/Para acreditar, mentira/Para discutir, opinião/Para levantar, sol/Mas para dormir, colchão/Para entender, conflito/Para se ganhar, amigo/Para deletar, mensagem/Para o verão, viagem/Para fofocar, revista/Para distrair, TV/Para uma dieta, açúcar/E para amar, você/Para encontrar, vontade/Para atravessar, a ponte/Para desejar, sorte/E para ouvir, Marisa/Para Capitu, Machado/Para uma mulher, Clarice/Para Guimarães, Brasil/Na terceira margem do rio/Para o secador, molhado/Para o colar, anel/Para o batom, um beijo/Sempre muito apaixonado/Para se pintar, espelho/Para se perder, aposta/Para dividir, segredo/Para namorar, se gosta/Para um biscoito, avó/Para comprar, essencial/Para todas as coisas, nó/E para terminar, final".
Para Todas as Coisas
Ana Cañas

quinta-feira, 30 de abril de 2009

decididamente, em 4 patas!

“Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Tem experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e extrema coragem. No entanto, as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus detratores. (...) A atividade predatória contra os lobos e contra as mulheres (selvagens) por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente.”
“(...) Uma vez que as mulheres a tenham perdido e a tenham recuperado, elas lutarão com garra para mantê-la, pois com ela suas vidas criativas florescem; seus relacionamentos adquirem significado, profundidade e saúde; seus ciclos de sexualidade, criatividade, trabalho e diversão são restabelecidos; elas deixam de ser alvos para as atividades predatórias dos outros; segundo as leis da natureza, elas têm igual direito a crescer e vicejar. Agora, seu cansaço do final do dia tem como origem o trabalho e esforços satisfatórios, não o fato de viverem enclausuradas num relacionamento, num emprego ou num estado de espírito pequenos demais. Elas sabem instintivamente quando as coisas devem morrer e quando devem viver; elas sabem como ir embora e como ficar.”


(Clarissa Pinkola Estes em Mulheres que correm com os lobos)

terça-feira, 28 de abril de 2009

"meu nome é eu"


Hoje eu resolvi pensar sobre o amor, o medo, a insegurança, a raiva, o ressentimento, o perdão, a atitude, o tempo, as mudanças, a negação, a dúvida, enfim... SOBRE MIM!
Parece narcisista falar de mim de uma maneira tão direta, mas colocar pensamentos, e alterações de humor tão explícitos nesse mundo que é a Internet já não é uma declaração de amor explícita e uma prova incontestável que eu passo bastante tempo mergulhada dentro de mim mesma???
Se eu pudesse escrever tudo o que penso durante um dia... Cada segundo, cada pessoa que eu vejo passar da janela do ônibus, cada roupa que eu achei bonita, cada pessoa que critiquei e outras que admirei. Se eu pudesse descrever os meus pensamentos o tempo todo, provavelmente existiriam volumes intermináveis. Uma biblioteca confusa e egoísta. Mas mesmo assim não consigo achar errado. O que eu tenho é coragem (ou simplesmente loucura) para poder assumir os meus pensamentos. Para mim não existe nada mais prazeroso que pensar (e olha que não nego que ‘prazer’ é uma palavra que desafia minha criatividade).
Comecei a pensar especificamente sobre mim porque acredito que um blog de citações é bonito e muito útil - às vezes - mas não é esse o meu propósito. O plano é deixar os meus pensamentos soltos, é mostrar para o mundo um pouco de mim. Não para ser aceita ou então me encaixar em qualquer rótulo, mas porque sinto certo fascínio pela liberdade e não existe meio mais simples para conseguí-la do que assumir a essência (duvidosa, cíclica, incerta, insegura, defeituosa e múltipla). Apesar de não querer citações eu posso imaginar vários textos que falam disso. (Talvez seja um erro não citar porque na verdade isso também faz parte de mim). Eu leio muito. (Eu amo ler) Eu amo livros estranhos, difíceis, de artes, arquitetura, psicologia e de bobeiras inteiramente femininas e fúteis. Eu leio. Depois decido se gostei.
Eu gosto de rosa, mas essa cor me cansa. Eu gosto de azul e verde e de todas as cores - em momentos diferentes - porque provavelmente eu vou viver me cansando delas, dia após dia. Eu mudo. Eu grito. Eu sinto vergonha. Eu confesso. Eu minto.
Alguns podem ler isso e me odiar. Outros provavelmente podem se inspirar e tantos criticar (positivamente ou não). Mas a verdade é que até pouco tempo eu tinha tantas dúvidas relevantes e assustadoras que sentia medo de mim mesma. Ainda tenho e sinto, mas agora quero focalizar o medo de um jeito diferente. Eu quero que ele me motive a ir. Se sinto medo provavelmente não conheço e por isso pode ser interessante. Sofrer é uma conseqüência e eu quero aprender a lidar com esse sofrimento também. Não que eu queira sofrer, mas gosto da idéia de que posso sentir. Gosto de saber que tenho 50% de chances em tudo.
Provavelmente isso não faz de mim uma pessoa interessante. Em um livro Atwood diz que homens não gostam de mulheres que ‘escrevem coisas para todo mundo ler’ (porque são atrevidas). Mas mesmo assim ela admite que nisso ‘há uma elegância sóbria e despojada – como uma casa de reuniões de quacres - que tem o seu fascínio; uma atração que (...) é apenas estética. Ninguém faz amor com um pequeno prédio religioso’.
Enfim, desisti de pensar e repensar se as pessoas aceitam, gostam, admiram, querem. O mais importante é o que eu aceito, o que eu gosto, o que eu admiro e o que EU quero.
Chega de fingir fazer parte de um todo sem expressão. Eu faço parte de um todo e sou tantas coisas distintas (ao mesmo tempo) que nem sempre me importo em agradar, pelo menos não a todo instante e muito menos a todos. Com certeza no meio do caminho alguma coisa vai ser boa o suficiente ou ruim demais. Pensar nisso é o que eu não vou fazer.
Demorei a entender que podia ser múltipla, inconstante, enfim ‘calendoscópica’. Foi preciso ver outro mundo, com outros olhos, sem conhecidos ou conhecimento e descobrir por mim mesma, com muita ajuda, que eu sou muito mais do que o que podem pensar de mim. Eu sou mais do que penso de mim. E isso me agrada. Me conforta. Me conforma. Me estimula. Eu gosto de saber que posso mudar.
Eu continuo sem ter muito conhecimento. Sem ser surpreendentemente interessante, inteligente, cheia de desenvoltura. Tudo bem... Eu tenho todo o tempo do mundo para ser como eu quiser. A única coisa que eu SEI é que não quero mais permitir que os ‘outros’ (que existem fora de mim), atribuam ‘suas próprias falas e as coloquem diretamente em (minha) boca, (...) como ventríloquos, que podem projetar a voz (...)’, ou simplesmente me usem como um boneco de madeira.
Eu nunca mais quero ficar ‘encerrada dentro dessa boneca de mim mesma’.
Eu nunca mais quero que minha voz não consiga sair.
Referências, citações, plágios descarados e assumidos (kkk),admiração, respeito, reconhecimento, (...) a Margaret Atwood (em Vulgo Grace – Ed. Roxo. 2008) e Mark Ryden, imagem intitulada "Saint Barbie" (1994. Óleo sobre tela).

segunda-feira, 27 de abril de 2009

(des)canso.

(...) já passou.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

run, 'Baby'... Run!

"A recusa a tentar fugir, quando essa atitude é plenamente justificada, causa a depressão."
Clarissa Pinkola Estés em Mulheres que correm com os lobos

quarta-feira, 22 de abril de 2009

caçando Estrelas...

"Três Marias, na astronomia é o nome popular dado a um agrupamento de três estrelas que formam o cinturão da constelação de Orion, o caçador. As estrelas, facilmente identificáveis no céu pelo brilho e por estarem alinhadas têm o nome de Mintaka, Alnilan e Alnitaka."

“Conta-nos a mitologia grega que Órion era um gigante caçador, filho de Netuno e favorito de Diana, com quem quase se casou. O irmão de Diana, Apolo, por sua vez, se aborrecia com tal aproximação entre os dois, chegando a censurar diversas vezes sem nunca obter resultado. Certo dia Apolo teve a oportunidade de se ver livre de seus aborrecimentos: percebendo que Órion vadeava pelo mar apenas com a cabeça fora d’água desafiou sua irmã, outra exímia caçadora, a acertar o alvo que distante se movia. Impecável em sua pontaria ela atingiu em cheio seu amado, cujo corpo já moribundo foi conduzido à praia pelas ondas do mar. Percebendo a fatalidade que havia cometido, Diana, em meio às lágrimas, colocou Órion entre as estrelas: o gigante trajado com um cinto, uma pele de leão, armado de uma espada e de sua clava, acompanhado por Sírius, seu cão e com as Plêiades fugindo do caçador.”



Ok... Depois de um feriado prolongado o que me resta é tentar tirar algum proveito do ‘nada’ realizado.
Desde pequena eu sempre demonstrei essa tendência de olhar para cima... Para as estrelas. Com o tempo, a correria e o medo esses pequenos atos infantis acabam se tornando tolos demais e foi exatamente isso que aconteceu comigo.
Eu me lembro bem que sempre procurava primeiro o Cruzeiro e depois as Três Marias e ficava ali... Me perdendo entre essas duas constelações e as outras estrelas que brilhavam entre elas. Eu passava horas na janela, adormecia e acordava olhando para o céu.
Nesse fim de semana... praia... irmão... família... Tudo faz a gente caminhar um pouquinho mais devagar e, apesar de ter me lembrado dessas ‘estrelinhas’ antes, foi só nessas noites de folga que eu realmente decidi olhar para cima.
O que mais me assustou não foi o significado ou as analogias que eu fiz e ainda posso fazer com as estrelas (que cá entre nós são terreno fértil para quem quer enrolar, seduzir, pensar, ou qualquer outra coisa do gênero), mas foi o fato de que eu não encontrava mais as estrelas que antes eu tinha como referência.
E aí... Onde, afinal, foram parar as Três Marias??? Segundo o meu (amado) irmão eu estava olhando as estrelas erradas por todo esse tempo. (Ah não! Eu não acredito que eu erraria tanto e por tanto tempo! Logo eu que odeio errar.)
Minha paz só voltou depois de uma longa noite "caçando" as estrelinhas deitada na grama do quintal... Eu não estava errada! E o melhor, elas estavam lá o tempo todo! Eu as encontrei dinovo. (o que tenho que confessar que me deixou incrivelmente aliviada. Não é fácil aceitar uma mudança tão radical em tão pouco tempo.)
Por favor... As estrelas sempre foram sinônimo de orientação. Tem alguém querendo virar meu mundo de cabeça pra baixo??? (É sacanagem fazer isso. Poxa!) Mas, tudo bem, é um risco entre tantos que qualquer um corre todos os dias.
Enfim, eu voltei a me acalmar, deitada na grama olhando as minhas queridas estrelinhas. (Eu ri!)
Ontem a noite eu me encontrei com elas dinovo, ao longo de toda a estrada de volta para essa minha realidade, enquanto 'outros' dormiam. Hoje mal vejo a hora delas aparecerem brilhando no céu.
O próximo passo é ampliar meu conhecimento das constelações, planetas ou nebulosas. Quem sabe Marte não resolva aparecer também???



Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


“Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Orion? Ou produzir as constelações a seu tempo, e guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra?” Jô 38:31-33



sexta-feira, 17 de abril de 2009

... mas eu amo a paixão.

.
"Com a mão direita ele segurava o ferro que fazia as flamas crescerem. A mão esquerda, a livre, estava ao alcance dela. Lóri sabia que podia tomá-la, que ele não se recusaria; mas não a tomava, pois queria que as coisas "acontecessem" e não que ela as provocasse. Ela conhecia o mundo dos que estão tão sofridamente à cata de prazeres e que não sabiam esperar que eles viessem sozinhos. E era tão trágico: bastava olhar numa boate, à meia-luz, os outros: era a busca do prazer que não vinha sozinho e de si mesmo. Ela só fora, com alguns de seus homens do passado, umas duas ou três vezes e depois não quisera mais voltar. Porque nela a busca do prazer, nas vezes que tentara, lhe tinha sido água ruim: colava a boca e sentia a bica enferrujada, de onde escorriam dois ou três pingos de água amornada: era a água seca. Não, havia ela pensado, antes o sofrimento legítimo que o prazer forçado. Queria a mão esquerda de Ulisses e sabia que queria, mas nada fez, pois estava usufruindo exatamente do que precisava: poder ter essa mão se estendesse a sua.Ah, e dizer que isso ia acabar. Que por si mesmo não podia durar. Não, ela não se referia ao fogo, referia-se ao que sentia. O que sentia nunca durava, acabava e podia nunca mais voltar. Encarniçou-se então sobre o momento, comia-lhe o fogo interno, e o fogo externo ardia doce, ardia, fiamejava. Então, como tudo ia acabar, em imaginação vivida, pegou a mão livre do homem, e em imaginação ainda, ao prender essa mão entre as suas, ela toda doce ardia, ardia, fiamejava.(...)
Porque no Impossível é que está a realidade."
.
(Clarice Lispector, em Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

cai Cai balão...


“Balão é um objeto inventado pelo homem,
cujo princípio se baseia em transportar pessoas ou utensílios
com uma lona protegendo uma pequena quantidade de ar quente
(através de uma chama controlada)
ou outra substância mais leve que o ar.”

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre



Eu vi diversas pessoas tentando definir a sensação estranha que eu tinha tentei definir antes. Eu li textos apaixonados, inspirados e frustrados. (talvez por isso eu fiquei triste).
Talvez a minha definição não seja tão absurda...
Por mais que eu faça um muro e por mais fugas que eu possa criar o risco e o prazer de me envolver com você nunca deixa de existir. Eu ouvi tantas vezes (e ontem) que não podia simplesmente cair de cabeça nas coisas. Eu juro que tentei ignorar mentindo para mim mesma, ou talvez dizendo verdades sutis enquanto me tentava me decidir. Pensando bem eu quase sou dona de uma transportadora! Quantas vezes eu amei, quantas vezes eu deixei e depois fui deixada.
Com o tempo a gente se acostuma. Definitivamente eu acho que Saint-Exúpery estava certo: “(...)E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido.”. Acho que é aí que entra a proteção. Disseram que ela protege apenas uma pequena quantidade de ar, mas eu acho que isso já é mais do que suficiente. É essa ‘pequena’ quantidade que permite a continuação do que quer que seja. E essa proteção só acontece por causa da ‘chama controlada’ ou de uma outra ‘qualquer coisa’ mais leve do que o ar. É com isso, definitivamente, que eu concordo. É o equilíbrio. É quando aparece o controle, quando eu penso que posso me consolar e me dar novas chances.
Eu sinto o fogo me consumir e me queimar, ser confortável e insuportável ao mesmo tempo. Eu sempre olho as situações do maior número de ângulos que consigo encontrar. A idéia é não deixar que esse ‘fogo’ se alastre mais do que deve e não permitir que o que é leve se torne um peso. Mas eu não posso fazer isso tudo sozinha e por isso eu resolvo te deixar, continuamente. Resolvo encher balões e mais balões. Resolvo experimentar, mudar, deixar voar. Eu sinto muito, mas eu não vou perder o meu autocontrole, o meu amor próprio, a minha liberdade, o meu tempo e a minha vida por um Balão, igual a mil outros que eu posso encontrar em qualquer parque de 5ª categoria.

Não! Eu não... Prefiro os balões livres... coloridos... leves... e que sabem aproveitar o vento.



"Eu podia ser seu escravo
Pra você deixar de quatro
Me fazer de gato e sapato
Mas eu tô falando de amor."

quarta-feira, 15 de abril de 2009

bamBa(la)lão

.
.
.






Bom...



Nesse caso o "Fim" se tornou relativo. Mas a verdade é que só depois de um tempo a gente entende o que viu a anos atrás. (Anos... talvez seja demais, mas...)
O ângulo é outro... O que sempre vai acontecer...

Antes eu só lia, pensava e deixava pra lá. Agora eu abri alguma janelinha (não me pergunte qual) e tudo resolveu explodir. A ilustração que eu usei pra explicar isso quando estava conversando comigo mesma (é... pasme! Eu converso comigo - e adoro isso!), foi a de um balão... E eu acho q fez sentido. Acho que dentro de mim devem existir muitos balões, ainda bem que eles não resolvem encher todos de uma vez só... (Risos)

Isso é uma tentativa ou retorno. Resolvi falar pra muitas pessoas e pra ninguém. (Na verdade não faz sentido e nem diferença, mas... Who cares?)


"Alma.
Deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma. Superfície.


Alma.
Deixa eu tocar sua alma com a superfície da palma da minha mão.
Superfície.
Easy.
Fique bem easy, fique sem 'nem razão' da superfície.
Livre.
Fique sim, livre.
Fique bem com razão ou não, aterrise!
Alma. Isso do medo se acalma. Isso de sede se aplaca.
Todo pesar não existe.
Alma. Como um reflexo na água sobre a última camada que fica na superfície.
Crise
Já acabou. Livre!

Já passou o meu temor do seu medo sem motivo.

Riso de manhã. Riso de neném.
A água já molhou a superfície.


Alma.
Daqui do lado de fora nenhuma forma de trauma sobrevive.
Abra a sua válvula agora.
A sua cápsula alma flutua na superfície lisa, que me alisa.

Seu suor o sal que sai do sol da superfície.
Simples, devagar, simples.
Bem de leve a alma ja pousou, na superfície."


(Alma - Arnaldo Antunes)
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