quinta-feira, 30 de abril de 2009

decididamente, em 4 patas!

“Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Tem experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e extrema coragem. No entanto, as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus detratores. (...) A atividade predatória contra os lobos e contra as mulheres (selvagens) por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente.”
“(...) Uma vez que as mulheres a tenham perdido e a tenham recuperado, elas lutarão com garra para mantê-la, pois com ela suas vidas criativas florescem; seus relacionamentos adquirem significado, profundidade e saúde; seus ciclos de sexualidade, criatividade, trabalho e diversão são restabelecidos; elas deixam de ser alvos para as atividades predatórias dos outros; segundo as leis da natureza, elas têm igual direito a crescer e vicejar. Agora, seu cansaço do final do dia tem como origem o trabalho e esforços satisfatórios, não o fato de viverem enclausuradas num relacionamento, num emprego ou num estado de espírito pequenos demais. Elas sabem instintivamente quando as coisas devem morrer e quando devem viver; elas sabem como ir embora e como ficar.”


(Clarissa Pinkola Estes em Mulheres que correm com os lobos)

terça-feira, 28 de abril de 2009

"meu nome é eu"


Hoje eu resolvi pensar sobre o amor, o medo, a insegurança, a raiva, o ressentimento, o perdão, a atitude, o tempo, as mudanças, a negação, a dúvida, enfim... SOBRE MIM!
Parece narcisista falar de mim de uma maneira tão direta, mas colocar pensamentos, e alterações de humor tão explícitos nesse mundo que é a Internet já não é uma declaração de amor explícita e uma prova incontestável que eu passo bastante tempo mergulhada dentro de mim mesma???
Se eu pudesse escrever tudo o que penso durante um dia... Cada segundo, cada pessoa que eu vejo passar da janela do ônibus, cada roupa que eu achei bonita, cada pessoa que critiquei e outras que admirei. Se eu pudesse descrever os meus pensamentos o tempo todo, provavelmente existiriam volumes intermináveis. Uma biblioteca confusa e egoísta. Mas mesmo assim não consigo achar errado. O que eu tenho é coragem (ou simplesmente loucura) para poder assumir os meus pensamentos. Para mim não existe nada mais prazeroso que pensar (e olha que não nego que ‘prazer’ é uma palavra que desafia minha criatividade).
Comecei a pensar especificamente sobre mim porque acredito que um blog de citações é bonito e muito útil - às vezes - mas não é esse o meu propósito. O plano é deixar os meus pensamentos soltos, é mostrar para o mundo um pouco de mim. Não para ser aceita ou então me encaixar em qualquer rótulo, mas porque sinto certo fascínio pela liberdade e não existe meio mais simples para conseguí-la do que assumir a essência (duvidosa, cíclica, incerta, insegura, defeituosa e múltipla). Apesar de não querer citações eu posso imaginar vários textos que falam disso. (Talvez seja um erro não citar porque na verdade isso também faz parte de mim). Eu leio muito. (Eu amo ler) Eu amo livros estranhos, difíceis, de artes, arquitetura, psicologia e de bobeiras inteiramente femininas e fúteis. Eu leio. Depois decido se gostei.
Eu gosto de rosa, mas essa cor me cansa. Eu gosto de azul e verde e de todas as cores - em momentos diferentes - porque provavelmente eu vou viver me cansando delas, dia após dia. Eu mudo. Eu grito. Eu sinto vergonha. Eu confesso. Eu minto.
Alguns podem ler isso e me odiar. Outros provavelmente podem se inspirar e tantos criticar (positivamente ou não). Mas a verdade é que até pouco tempo eu tinha tantas dúvidas relevantes e assustadoras que sentia medo de mim mesma. Ainda tenho e sinto, mas agora quero focalizar o medo de um jeito diferente. Eu quero que ele me motive a ir. Se sinto medo provavelmente não conheço e por isso pode ser interessante. Sofrer é uma conseqüência e eu quero aprender a lidar com esse sofrimento também. Não que eu queira sofrer, mas gosto da idéia de que posso sentir. Gosto de saber que tenho 50% de chances em tudo.
Provavelmente isso não faz de mim uma pessoa interessante. Em um livro Atwood diz que homens não gostam de mulheres que ‘escrevem coisas para todo mundo ler’ (porque são atrevidas). Mas mesmo assim ela admite que nisso ‘há uma elegância sóbria e despojada – como uma casa de reuniões de quacres - que tem o seu fascínio; uma atração que (...) é apenas estética. Ninguém faz amor com um pequeno prédio religioso’.
Enfim, desisti de pensar e repensar se as pessoas aceitam, gostam, admiram, querem. O mais importante é o que eu aceito, o que eu gosto, o que eu admiro e o que EU quero.
Chega de fingir fazer parte de um todo sem expressão. Eu faço parte de um todo e sou tantas coisas distintas (ao mesmo tempo) que nem sempre me importo em agradar, pelo menos não a todo instante e muito menos a todos. Com certeza no meio do caminho alguma coisa vai ser boa o suficiente ou ruim demais. Pensar nisso é o que eu não vou fazer.
Demorei a entender que podia ser múltipla, inconstante, enfim ‘calendoscópica’. Foi preciso ver outro mundo, com outros olhos, sem conhecidos ou conhecimento e descobrir por mim mesma, com muita ajuda, que eu sou muito mais do que o que podem pensar de mim. Eu sou mais do que penso de mim. E isso me agrada. Me conforta. Me conforma. Me estimula. Eu gosto de saber que posso mudar.
Eu continuo sem ter muito conhecimento. Sem ser surpreendentemente interessante, inteligente, cheia de desenvoltura. Tudo bem... Eu tenho todo o tempo do mundo para ser como eu quiser. A única coisa que eu SEI é que não quero mais permitir que os ‘outros’ (que existem fora de mim), atribuam ‘suas próprias falas e as coloquem diretamente em (minha) boca, (...) como ventríloquos, que podem projetar a voz (...)’, ou simplesmente me usem como um boneco de madeira.
Eu nunca mais quero ficar ‘encerrada dentro dessa boneca de mim mesma’.
Eu nunca mais quero que minha voz não consiga sair.
Referências, citações, plágios descarados e assumidos (kkk),admiração, respeito, reconhecimento, (...) a Margaret Atwood (em Vulgo Grace – Ed. Roxo. 2008) e Mark Ryden, imagem intitulada "Saint Barbie" (1994. Óleo sobre tela).

segunda-feira, 27 de abril de 2009

(des)canso.

(...) já passou.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

run, 'Baby'... Run!

"A recusa a tentar fugir, quando essa atitude é plenamente justificada, causa a depressão."
Clarissa Pinkola Estés em Mulheres que correm com os lobos

quarta-feira, 22 de abril de 2009

caçando Estrelas...

"Três Marias, na astronomia é o nome popular dado a um agrupamento de três estrelas que formam o cinturão da constelação de Orion, o caçador. As estrelas, facilmente identificáveis no céu pelo brilho e por estarem alinhadas têm o nome de Mintaka, Alnilan e Alnitaka."

“Conta-nos a mitologia grega que Órion era um gigante caçador, filho de Netuno e favorito de Diana, com quem quase se casou. O irmão de Diana, Apolo, por sua vez, se aborrecia com tal aproximação entre os dois, chegando a censurar diversas vezes sem nunca obter resultado. Certo dia Apolo teve a oportunidade de se ver livre de seus aborrecimentos: percebendo que Órion vadeava pelo mar apenas com a cabeça fora d’água desafiou sua irmã, outra exímia caçadora, a acertar o alvo que distante se movia. Impecável em sua pontaria ela atingiu em cheio seu amado, cujo corpo já moribundo foi conduzido à praia pelas ondas do mar. Percebendo a fatalidade que havia cometido, Diana, em meio às lágrimas, colocou Órion entre as estrelas: o gigante trajado com um cinto, uma pele de leão, armado de uma espada e de sua clava, acompanhado por Sírius, seu cão e com as Plêiades fugindo do caçador.”



Ok... Depois de um feriado prolongado o que me resta é tentar tirar algum proveito do ‘nada’ realizado.
Desde pequena eu sempre demonstrei essa tendência de olhar para cima... Para as estrelas. Com o tempo, a correria e o medo esses pequenos atos infantis acabam se tornando tolos demais e foi exatamente isso que aconteceu comigo.
Eu me lembro bem que sempre procurava primeiro o Cruzeiro e depois as Três Marias e ficava ali... Me perdendo entre essas duas constelações e as outras estrelas que brilhavam entre elas. Eu passava horas na janela, adormecia e acordava olhando para o céu.
Nesse fim de semana... praia... irmão... família... Tudo faz a gente caminhar um pouquinho mais devagar e, apesar de ter me lembrado dessas ‘estrelinhas’ antes, foi só nessas noites de folga que eu realmente decidi olhar para cima.
O que mais me assustou não foi o significado ou as analogias que eu fiz e ainda posso fazer com as estrelas (que cá entre nós são terreno fértil para quem quer enrolar, seduzir, pensar, ou qualquer outra coisa do gênero), mas foi o fato de que eu não encontrava mais as estrelas que antes eu tinha como referência.
E aí... Onde, afinal, foram parar as Três Marias??? Segundo o meu (amado) irmão eu estava olhando as estrelas erradas por todo esse tempo. (Ah não! Eu não acredito que eu erraria tanto e por tanto tempo! Logo eu que odeio errar.)
Minha paz só voltou depois de uma longa noite "caçando" as estrelinhas deitada na grama do quintal... Eu não estava errada! E o melhor, elas estavam lá o tempo todo! Eu as encontrei dinovo. (o que tenho que confessar que me deixou incrivelmente aliviada. Não é fácil aceitar uma mudança tão radical em tão pouco tempo.)
Por favor... As estrelas sempre foram sinônimo de orientação. Tem alguém querendo virar meu mundo de cabeça pra baixo??? (É sacanagem fazer isso. Poxa!) Mas, tudo bem, é um risco entre tantos que qualquer um corre todos os dias.
Enfim, eu voltei a me acalmar, deitada na grama olhando as minhas queridas estrelinhas. (Eu ri!)
Ontem a noite eu me encontrei com elas dinovo, ao longo de toda a estrada de volta para essa minha realidade, enquanto 'outros' dormiam. Hoje mal vejo a hora delas aparecerem brilhando no céu.
O próximo passo é ampliar meu conhecimento das constelações, planetas ou nebulosas. Quem sabe Marte não resolva aparecer também???



Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


“Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Orion? Ou produzir as constelações a seu tempo, e guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra?” Jô 38:31-33



sexta-feira, 17 de abril de 2009

... mas eu amo a paixão.

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"Com a mão direita ele segurava o ferro que fazia as flamas crescerem. A mão esquerda, a livre, estava ao alcance dela. Lóri sabia que podia tomá-la, que ele não se recusaria; mas não a tomava, pois queria que as coisas "acontecessem" e não que ela as provocasse. Ela conhecia o mundo dos que estão tão sofridamente à cata de prazeres e que não sabiam esperar que eles viessem sozinhos. E era tão trágico: bastava olhar numa boate, à meia-luz, os outros: era a busca do prazer que não vinha sozinho e de si mesmo. Ela só fora, com alguns de seus homens do passado, umas duas ou três vezes e depois não quisera mais voltar. Porque nela a busca do prazer, nas vezes que tentara, lhe tinha sido água ruim: colava a boca e sentia a bica enferrujada, de onde escorriam dois ou três pingos de água amornada: era a água seca. Não, havia ela pensado, antes o sofrimento legítimo que o prazer forçado. Queria a mão esquerda de Ulisses e sabia que queria, mas nada fez, pois estava usufruindo exatamente do que precisava: poder ter essa mão se estendesse a sua.Ah, e dizer que isso ia acabar. Que por si mesmo não podia durar. Não, ela não se referia ao fogo, referia-se ao que sentia. O que sentia nunca durava, acabava e podia nunca mais voltar. Encarniçou-se então sobre o momento, comia-lhe o fogo interno, e o fogo externo ardia doce, ardia, fiamejava. Então, como tudo ia acabar, em imaginação vivida, pegou a mão livre do homem, e em imaginação ainda, ao prender essa mão entre as suas, ela toda doce ardia, ardia, fiamejava.(...)
Porque no Impossível é que está a realidade."
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(Clarice Lispector, em Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

cai Cai balão...


“Balão é um objeto inventado pelo homem,
cujo princípio se baseia em transportar pessoas ou utensílios
com uma lona protegendo uma pequena quantidade de ar quente
(através de uma chama controlada)
ou outra substância mais leve que o ar.”

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre



Eu vi diversas pessoas tentando definir a sensação estranha que eu tinha tentei definir antes. Eu li textos apaixonados, inspirados e frustrados. (talvez por isso eu fiquei triste).
Talvez a minha definição não seja tão absurda...
Por mais que eu faça um muro e por mais fugas que eu possa criar o risco e o prazer de me envolver com você nunca deixa de existir. Eu ouvi tantas vezes (e ontem) que não podia simplesmente cair de cabeça nas coisas. Eu juro que tentei ignorar mentindo para mim mesma, ou talvez dizendo verdades sutis enquanto me tentava me decidir. Pensando bem eu quase sou dona de uma transportadora! Quantas vezes eu amei, quantas vezes eu deixei e depois fui deixada.
Com o tempo a gente se acostuma. Definitivamente eu acho que Saint-Exúpery estava certo: “(...)E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido.”. Acho que é aí que entra a proteção. Disseram que ela protege apenas uma pequena quantidade de ar, mas eu acho que isso já é mais do que suficiente. É essa ‘pequena’ quantidade que permite a continuação do que quer que seja. E essa proteção só acontece por causa da ‘chama controlada’ ou de uma outra ‘qualquer coisa’ mais leve do que o ar. É com isso, definitivamente, que eu concordo. É o equilíbrio. É quando aparece o controle, quando eu penso que posso me consolar e me dar novas chances.
Eu sinto o fogo me consumir e me queimar, ser confortável e insuportável ao mesmo tempo. Eu sempre olho as situações do maior número de ângulos que consigo encontrar. A idéia é não deixar que esse ‘fogo’ se alastre mais do que deve e não permitir que o que é leve se torne um peso. Mas eu não posso fazer isso tudo sozinha e por isso eu resolvo te deixar, continuamente. Resolvo encher balões e mais balões. Resolvo experimentar, mudar, deixar voar. Eu sinto muito, mas eu não vou perder o meu autocontrole, o meu amor próprio, a minha liberdade, o meu tempo e a minha vida por um Balão, igual a mil outros que eu posso encontrar em qualquer parque de 5ª categoria.

Não! Eu não... Prefiro os balões livres... coloridos... leves... e que sabem aproveitar o vento.



"Eu podia ser seu escravo
Pra você deixar de quatro
Me fazer de gato e sapato
Mas eu tô falando de amor."

quarta-feira, 15 de abril de 2009

bamBa(la)lão

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Bom...



Nesse caso o "Fim" se tornou relativo. Mas a verdade é que só depois de um tempo a gente entende o que viu a anos atrás. (Anos... talvez seja demais, mas...)
O ângulo é outro... O que sempre vai acontecer...

Antes eu só lia, pensava e deixava pra lá. Agora eu abri alguma janelinha (não me pergunte qual) e tudo resolveu explodir. A ilustração que eu usei pra explicar isso quando estava conversando comigo mesma (é... pasme! Eu converso comigo - e adoro isso!), foi a de um balão... E eu acho q fez sentido. Acho que dentro de mim devem existir muitos balões, ainda bem que eles não resolvem encher todos de uma vez só... (Risos)

Isso é uma tentativa ou retorno. Resolvi falar pra muitas pessoas e pra ninguém. (Na verdade não faz sentido e nem diferença, mas... Who cares?)


"Alma.
Deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma. Superfície.


Alma.
Deixa eu tocar sua alma com a superfície da palma da minha mão.
Superfície.
Easy.
Fique bem easy, fique sem 'nem razão' da superfície.
Livre.
Fique sim, livre.
Fique bem com razão ou não, aterrise!
Alma. Isso do medo se acalma. Isso de sede se aplaca.
Todo pesar não existe.
Alma. Como um reflexo na água sobre a última camada que fica na superfície.
Crise
Já acabou. Livre!

Já passou o meu temor do seu medo sem motivo.

Riso de manhã. Riso de neném.
A água já molhou a superfície.


Alma.
Daqui do lado de fora nenhuma forma de trauma sobrevive.
Abra a sua válvula agora.
A sua cápsula alma flutua na superfície lisa, que me alisa.

Seu suor o sal que sai do sol da superfície.
Simples, devagar, simples.
Bem de leve a alma ja pousou, na superfície."


(Alma - Arnaldo Antunes)
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