quarta-feira, 30 de maio de 2007

“De utensílios ritualísticos à psicologia moderna, a história das máscaras está ligada à própria história do homem”


Acredita-se que as primeiras máscaras surgiram na pré-história e representavam figuras da natureza. Essas tribos primitivas pintavam a máscara no próprio rosto em cerimônias religiosas utilizando pigmentos naturais, sendo considerada assim um objeto religioso utilizada em rituais, para garantir a caça, a fertilidade, afastar maus espíritos, venerar os antepassados ou louvar os deuses.


Também é conhecido o costume dos egípcios de confeccionar máscaras funerárias, acreditando, segundo sua religião, que os mortos, dessa maneira, seriam reconhecidos pelos deuses. Uma das máscaras egípcias mais famosas é o busto do faraó Tutankhamon, que data do século XII a.C e se encontra atualmente exposta no Museu do Cairo.


O uso da máscara como elemento cênico surgiu no teatro grego, por volta do século V a.C. O símbolo do teatro é uma alusão aos dois principais gêneros da época: a tragédia e a comédia. A primeira tratava de temas referentes à natureza humana, bem como o controle dos deuses sobre o destino dos homens, enquanto a última funcionava como um instrumento de crítica à política e sociedade atenienses.”¹
Existiam máscaras para todas as representações e durante o espetáculo os atores trocavam de máscara inúmeras vezes, cada uma representando uma emoção ou um estado do personagem.

¹Klein, Natália. O enígma das máscaras. Disponível em: http://www.rabisco.com.br/56/mascaras.htm. Acesso em 15/05/2007







O filósofo grego Aristóteles, nascido no ano de 384 a.C., acreditava que a tragédia não tinha uma influência negativa sobre os gregos, sendo, ao contrário, importante para sua educação e desenvolvimento. Ela tinha a função de ensinar as pessoas a buscar a sua “medida ideal”, não pendendo para nenhum dos extremos de sua própria personalidade.
Dessa forma, o principal papel da tragédia era a catarse, descrita como o processo de reconhecer a si num espelho, ao mesmo tempo se afastando do reflexo, como se a pessoa observasse a própria vida. Isso permitia que ela lidasse com os problemas que ainda não tinham sido resolvidos e refletisse sobre ele e seu cotidiano, exteriorizando as emoções e interiorizando os seus pensamentos racionais.
Durante a apresentação da tragédia a catarse ocorria quando o herói passava da felicidade para a infelicidade. Nesse momento, a reflexão proveniente da catarse permitia o crescimento do indivíduo, que conhecia, assim, o limite de seu métron, que era sua medida ideal.


Eurípedes considerado por Aristóteles o “maior dos trágicos”, dizia que o coração feminino era um abismo que podia ser preenchido com o poder do amor ou o poder do ódio. Atualmente, alguns o consideram como o primeiro psicólogo, uma vez que se dedicava ao estudo das emoçoes humanas, principalmente nas mulheres.
As obras de Eurípedes conduziam a catarse, o que não acontecia nas olbras dos outros trágicos. Em uma sociedade machista e patriarcal, ele enfatizava a mulher e suas ações quando estava apaixonada ou tomada de ódio, defendendo que o amor e o ódio eram responsáveis pelo afastamento do métron de cada um.
Como exemplo de tragédias nas quais os sentimentos e as emoções são apresentados à flor da pele cita-se três de suas tragédias por ordem de criação: Medéia (431a.C), As Bacantes (405 a.C) e Ifigênia de Áulis (405 a.C).