sexta-feira, 6 de julho de 2007

Por fim... Máscaras...

No decorrer de todos os textos anteriores é clara a presença da máscara em qualquer indivíduo. Todos buscam esconder características que incomodam, ou então aparentar ser o que na verdade não são.
A máscara pode desempenhar papéis positivos e negativos sobre aqueles que a usam, em geral, todos, pois não existem pessoas sem máscaras.
O interior é complexo, não somos constantes durante um dia, então como queremos cobrar constância no decorrer de toda uma vida? As pessoas mudam e escolhem o que querem ser e a sua aparência é responsável por mostrar aos outros o que a pessoa é e o que podemos esperar dela.
Ninguém consegue esconder tudo o que é e nem se tornar um ser totalmente alheio a sua realidade, sempre existem brechas, pelas quais, pode-ser perceber as características peculiares de cada um.
As máscaras dessa forma são partes do indivíduo, e totalmente indissociáveis. Elas o formam e são responsáveis pela expressão de sua essência.
Isso ocorre tanto nos serem humanos, como também na arquitetura, que pode ser composta de camadas ou então estar contida em um volume ou revestimento conhecido, mas seu interior sempre possui diversas funções, as quais também podem mudar com o tempo e com necessidades que possam surgir.
Não se projeta, na maioria das vezes, para um ano, a arquitetura continua viva... Anos, décadas, séculos passam e ela pode continuar ocupando seu espaço, com suas características únicas como o volume, a estrutura, os materiais (em alguns casos), mas seus uso pode ser alterado para melhor encaixá-la na sociedade.
Uma semelhança intensa com as pessoas não é?
Então porque julgar as máscaras? Por que condenar a aparência?
Ela pode mudar... Ou então simplesmente permanecer a mesma...
Mas está com certeza, profundamente ligada, com o interior, a essência, e porque não dizer, com a verdade.
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Kicka Ferraz
06 de julho de 2007.

Mudando de cara


E quando a edificação não permite as pessoas vejam o que ela é?
Acredito que isso também possa ser um tipo de máscara...
Um exemplo do caso é a loja do estilista Alexandre Herchcovitch, projetada por Arthur Casas, em Tóquio.


O projeto parece uma caixa de surpresas, com placas de madeira revestidas com adesivos, que fazem referência às estampas da coleção atual, na fachada. É uma caixa fechada que pode "mudar de cara" a cada estação.
O edifício toma posse das características das roupas que estão na loja e ao mesmo tempo que esconde as roupas em seu interior também chama atenção para as mesmas por ser uma peça que faz parte da coleção.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

"O mais profundo é a pele"

Outro exemplo que pode ser interligado com as máscaras são os projetos de Otto Wagner, “MajolikaHaus” e logo ao seu lado o “Haus in Wienzeile 38”. Nesse caso as máscaras são entendidas como os desenhos e adornos encontrados nas fachadas.


Com a utilização de cerâmicas coloridas ou adornos dourados Otto Wagner dá uma nova interpretação para a edificação, que se impõe e evidencia em meio as outras.



Essas edificações, que possuem grande influência “Art Noveau”, tem semelhança com as máscaras do Canaval de Veneza pela sua incrível beleza e pela abundância de detalhes e cores.
Nesse caso, o uso da máscara valoriza a edificação. Não a deixa escondida, pelo contrário, dá a ela características diferentes das que poderia possuir sem a máscara, pois ao contrário de muitos edifícios com influência “Art Noveau” esses edifícios não possuem curvas em suas fachadas, estas são lisas e retas. Aqui a máscara se mistura com o seu usuário e eles se tornam um só.

Segundo o escritor Paul Valéry "o mais profundo é a pele" e no caso da análise desses dois edifícios com certeza a profundidade, beleza e toda a importância desses edifícios são, primeiramente, vinculadas à sua pele externa, ou seja, seus adornos e desenhos. A primeira impressão vem de seus minunciosos detalhes.

Como julgar que esses adornos são futilizades se são eles os responsáveis pela característica mais marcante do projeto? Como ignorar essa fachada e só se importar com a funcionalidade ou uso ao qual possa ser destinado?

Com certeza seguir um programa e avaliar as necessidades de cada projeto é essencial, mas...


Um pouco de beleza nunca fez mal a ninguém.

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Fontes: Para visualizar as fontes das figuras basta clicar sobre elas.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Mas quais são as máscaras da arquitetura?

É possível perceber diversas maneiras como o uso da máscara pode beneficiar ou não uma pessoa. Ela pode utilizá-la para se libertar e conseguir realizar seus desejos e aspirações, como no caso das máscaras do carnaval de Veneza, mas também pode utilizá-la para se esconder e se proteger, como no texto de Wilhelm Reich, em seu livro “Escuta Zé Ninguém”, na qual ele discursa a respeito do grande mal que os “Zé Ninguém” podem fazer a eles e fala da couraça que usam para se “proteger”.

Mas e na arquitetura? Quais são as máscaras que podem existir?

Bem... Os edifícios podem possuir diversas camadas, sejam benéficas ou não, assim como para as pessoas.
Um exemplo de máscara é a utilização de vidros reflexivos nos edifícios. Essa camada esconde o que existe dentro da edificação, mas permite que os indivíduos em seu interior vejam tudo ao redor. Além de não permitirem a visão interna, eles ainda refletem tudo o que se encontra ao redor, assim podemos dizer que ele utiliza as características dos prédios no entorno para não destacar as suas.


Torna-se um grande volume sem personalidade, pois não possui a capacidade de se impor, ignorando as características do entorno. Não que uma edificação não deva levar em consideração o entorno, mas com certeza deve ter um diferencial em sua forma, cor, textura, estrutura, enfim, alguma expressão que seja só sua.

Então como dizer que um edifício que simplesmente reflete os demais tem personalidade? É claro que usar o vidro de forma racional enriquece um projeto, mas até onde grandes planos de vidro dão beleza? Quando esse reflexo passa a ser assustador?

... E essa seria uma máscara.
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Fonte das figuras: Para ver de onde as figuras foram retiradas basta clicar sobre elas.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

As interpretações da Máscara



Atualmente e no passado as pessoas e/ou grupos buscam exprimir sua revolta, ou opinião contra a sociedade e suas normas utilizando roupas características e marcantes, que contrastam com a vestimenta padrão do período ou país.






No decorrer dos anos vários grupos se destacaram por utilizarem essa atitude de protesto, como os incroyables em 1793 ou 94, os românticos em 1830, os zazous em 1940, os hippies em 1960, os punks em 1980, e demais grupos que até hoje estão desfilando em meio a sociedade.
O livro A Moral da Máscara, escrito por Patrice Bollon, trata exatamente desse assunto, analisando a vestimenta desses grupos como uma máscara utilizada para o protesto político ou social.



Esses movimentos eram vitoriosos quando demonstravam estilo e ameaça para os demais, mas o que acontece é que com o passar do tempo as pessoas deixam de encarar essa atitude como protesto e passam a vê-la apenas como moda, o que acaba desvalorizando a tentativa, pois essa perde seu caráter principal de chocar e por em evidência insatisfações reais. Quando a vestimenta passa para o olhar da moda, ela então, deixa de ser um fenômeno e perde o seu poder de influenciar e agitar os membros de uma sociedade, passa apenas a ser um modo de aceitação e qualificação estética. Essa é a forma como a sociedade se defende e reduz os motivos desses indivíduos a modismos, o que, segundo Bollon, eles não são.
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Texto Base: A Moral da Máscara, Patrice Bollon.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Nietzche e as Máscaras


No final do século XIX Nietzche propõe estratégias para reabilitar o teatro e a máscara, uma vez que o pensamento platônico e a definição de identidade desenvolvida pela filosofia ocidental os condenavam.
Para Platão, a pintura e a poesia eram falsas e também todas as atividades que estavam diretamente relacionadas com elas, passando a ocupar o lugar do não-ser, do falso e da mentira, assim o teatro é diretamente condenado e também a máscara, uma vez que esta era utilizada durante os espetáculos para representar os personagens.
A lógica era operada no cunho mítico-religioso, valorizando assim a moral e a filosofia, que era tida como única responsável pelo julgamento do conhecimento do ser e da verdade, ou seja, era a única qualificada para dizer “o que é”.
Na concepção da sofística, condenada por Platão, a real importância do discurso não está em “dizer aquilo que é”, mas em “fazer ser aquilo que se diz” o que permite uma interpretação positiva da utilização da máscara, que por ele seria apenas associada ao fingimento.
No teatro grego a palavra hypocrates era utiilizada para denominar o ator e atualmente, nas línguas latinas modernas, a derivação desta palavra passou a se referir apenas àquele que mente, ao que finge para fazer-se passar por outra pessoa, ou toma posse de uma personalidade ou atitude que não é comum ao seu caráter, evidenciando que o uso da máscara passou a ser ligado as estratégias de ocultamento da verdade, que, por sua vez, era relacionada à nudez de um rosto desvelado.

Segundo Nietzche, a vontade de verdade é associada ao despudorado gesto de se despir, de transpassar os véus da aparência para ver o que pretensamente se esconde por trás, em arrancar máscaras para descobrir a identidade de um rosto que se encontra oculto. Para ele não é lucro realizar essa descoberta, pois afirma que a verdade não permaneceria a mesma se os seus véus, ou máscaras fossem retirados. “Nietzche acrescenta, então, espirituosamente e maliciosamente, que a verdade talvez seja uma mulher com razões suficientes para não deixar que se vejam suas razões, e que seu nome, em grego, talvez seja Bauco – personagem da mitologia que, para provocar o riso de uma desconsolada Deméter, levanta as saias e lhe revela o que esconde por baixo delas: sua verdade, ou seja, nada.”
O filósofo continua ainda dizendo que os antigos gregos, que inventaram o teatro, “souberam se ater à superfície”, e assim teriam se mostrado “
superficiais – por profundidade”.


Em seu livro Além do bem e do mal, diz que “tudo o que é profundo ama a máscara”, considerando profundo aquilo que se encontra na superfície, a aparência. Assim, conclui um pensamento que em vez de buscar chegar ao “fundo”, se atem ao “procedimento da mise em abîme”, que diz que por trás das máscaras existem sempre outras máscaras.


Texto base: Teatro e Máscara no pensamento de Nietzche. Nove Variações sobre temas nietzchenianos. Ferraz, Maria Cristina Franco.

sábado, 16 de junho de 2007

Pierrot * Colombina * Arlequim


Os personagens mais conhecidos da commedia dell'arte são Pierrot, Colombina e Arlequim, três mascarados que constituem um triângulo amoroso durante o Carnaval.
Arlequim era o rival de Pierrot pelo amor de Colombina e se vestia com um traje feito de retalhos triangulares de várias cores e representa o palhaço, farsante ou tão somente o amante.
Pierrot, magro, pálido representante dos sonhos, apaixonado pelo amor, tem como musa Colombina, mulher que representa o desejo de todos os homens.
Eles se conhecem em ocasiões separadas e Colombina se enamora pelos dois rapazes... No caso do Arlequim se encantando pela sua ousadia e desejo, e no de Pierrot pelo seu sofrimento e amor platônico.
Até hoje seus personagens são conhecidos e utilizados no Carnaval de Veneza.
Para contar esse intenso romance sugiro a leitura que o texto de Menotti Del Picchia.
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Simplesmente perfeito...

Para ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=XUv9Lsx5llU (Colombina - Ed Motta)

As máscaras do Carnaval de Veneza


O Carnaval Veneziano já era famoso desde o século XI, quando tinha a duração de seis meses e através dele pode-se conhecer um pouco mais da história das máscaras, que lembram os nobres e damas do século dezessete.

“Uma das máscaras mais procuradas, é a tradicional "bauta" (máscara branca em forma de bico), completada por um chapéu de três pontas, um "tabarro" (casaco largo) e uma capa preta de seda cobrindo os ombros e o pescoço, que recria o nobre veneziano nas suas deslocações incógnitas aos casinos, reuniões secretas e moradas de amores ílicitos.“ (http://www.janelanaweb.com/viagens/veneza.html%20/)


As máscaras no Carnaval de Veneza se tornaram um hábito para os nobres inescrupulosos, pois assim poderosos matavam seus rivais ficando impunes e mulheres podiam se entregar aos prazeres do sexo com os servos, pois eram protegidas por uma lei que absolvia as damas da acusação de adultério caso o homem estivesse usando uma máscara, afinal ele podia ser seu próprio marido. Por isso, em 1608 o uso das máscaras chegou a ser proibido, fazendo assim com que o Carnaval de Veneza entrasse em decadência, mas depois voltou a ser permitido e até hoje a cidade festeja durante esse período do ano.



Avaliando a postura e atitude das pessoas durante a festa pode-se dizer que é um momento de iniciativa e liberdade individuais, pois cada um se mascara em função da sua fantasia ou desejo de encarnar um personagem ou identidade completamente diferente daquele que tem que assumir ao longo do ano. Com os rostos cobertos todos tem a possibilidade de se realizar, nem que seja só por alguns dias, deixando de lado todos os recalcamentos e fortalecendo o ego através do intercâmbio com outras pessoas mascaradas.
O fato de possuir uma máscara permite que a pessoa perca o medo de expressar seus verdadeiros desejos, uma vez que não pode ser julgada devido à sua falta de identidade. Assim a máscara expressa aquilo que a pessoa possui dentro de si, ela não cria personagens sem nenhum antecedente, mas estes na verdade representam algo que se encontrava encarcerado, seja pelos padrões morais e éticos pré-estabelecidos em sua consciência, ou na sociedade.
As máscaras fazem parte do indivíduo e da sua essência, elas não são meras representações, mas sim funcionam como camadas translúcidas, que quando sobrepostas conseguem constituir a totalidade de cada um. Assim, cada indivíduo não possui uma única máscara, mas sim diversas que o formam.
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Vídeo com fotos de mascarados do Carnaval de Veneza de 2006:
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Sites de pesquisa mais utilizados:

* http://www.janelanaweb.com/viagens/veneza.html /

* http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/339_carnavalveneza/page2.shtml


quarta-feira, 13 de junho de 2007

Reunidos para vitalizar um clássico

Chico Buarque e Paulo Pontes revitalizaram o texto clássico de Eurípedes, submetendo-o à realidade brasileira e o transformando em uma peça de teatro que se passa em uma favela no Rio de Janeiro, com personagens adaptados.
A peça Gota D'água, foi escrita por Paulo Pontes em 1975 e musicada por Chico.
Essa é a letra de uma das músicas feitas para a peça:



Gota d'água
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque (1975)


Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água
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Para ver parte do espetáculo: http://www.youtube.com/watch?v=p3TOHZdA6Hg
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Medéia

Medéia, uma das mais afamadas obras-primas de Eurípides, foi representada pela primeira vez nas Dionísias Urbanas de -431, ano em que começou a Guerra do Peloponeso.
As outras peças da tetralogia eram Filoctetes, Dictis e Os Ceifeiros (drama satírico), todos perdidos. Eurípides obteve a terceira colocação no concurso de tragédias; Euforion ganhou o primeiro prêmio e Sófocles, o segundo.





Hipótese

Nesta tragédia Eurípides nos transmitiu um dos mais interessantes e mais emocionantes retratos das forças antagônicas que governam a alma humana. Medéia, a personagem principal, luta com todas as forças e todas as armas contra as adversidades que a acometem, mostrando como o ser humano pode lidar nas situações de maior desespero e inquietude. Medeia se vinga de sua própria família e dessa maneira transpareceram seus verdadeiros sentimentos e vontades, sendo estes potencializados para mostrar como a essência humana pode transparecer.
Jasão e Medéia, expulsos de Iolco após a morte de Pélias, vivem agora em Corinto com seus dois filhos. O rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medéia e se casar com sua filha; para tanto, expulsa Medéia e os dois filhos da cidade. Egeu, rei de Atenas, concede asilo a Medéia, mas a feiticeira decide se vingar de Jasão. Primeiro, através de um ardil, mata Creonte e a filha dele; a seguir, mata os próprios filhos e foge, finalmente, em um carro alado cedido pelo deus Hélio, seu avô.




Dramatis personae
AMA
Serva de Medéia.
PEDAGOGO
Servo que cuida dos filhos de Jasão e Medéia.
MEDÉIA
Filha de Eetes, rei da Cólquida, esposa de Jasão.
CORO
Mulheres de Corinto.
CREONTE
Rei de Corinto.
JASÃO
Filho de Éson, antigo rei de Iolco, marido de Medéia.
EGEU
Rei de Atenas, pai do herói Teseu.
MENSAGEIRO
Personagens mudos: dois filhos de Jasão e Medéia.


Resumo

A tragédia contém 1419 versos, distribuídos ao longo de mais ou menos 40 páginas da edição de Page (1985), que acompanha a tradução de Torrano (1991) e serviu de base para este resumo.
A Ama conta que Jasão traiu Medéia e seus filhos, tendo se casado com a filha de Creonte, rei de Corinto, e que Medéia está deprimida, encolarizada e revoltada com a situação. O Pedagogo chega com as crianças e diz ter ouvido que Creonte planeja exilar Medéia e seus filhos. A Ama se preocupa por causa do terrível temperamento de sua senhora, cujos lamentos se tornam audíveis (Prólogo, 1-131).
O Coro pede que a Ama traga Medéia antes que ela pratique algum mal (Párodo, 132-270). Ela vem, lamenta ter saído da Cólquida e deplora as vicissitudes de todas as esposas, mostrando-se rancorosa e vingativa (1º Episódio, 214-270). Creonte ordena-lhe que saia da cidade com os dois filhos e diz abertamente que teme sua vingança. Medéia implora, mas Creonte não volta atrás; concede-lhe apenas um dia para que prepare tudo. Medéia decide usar esse tempo para matar o rei, Jasão e sua nova esposa (1º Episódio, 271-409). O Coro lamenta a inversão de valores tais como os sagrados juramentos e observa que, exilada, Medéia não poderá se refugiar em sua terra de origem (1º Estásimo, 410-445).
Jasão tenta apaziguar Medéia e lhe diz que ela e os filhos foram exilados por causa de seus insultos à casa real. Medéia, furiosa, lembra-lhe que no passado tudo fez para salvá-lo, tornou-se inimiga da própria família e por fim foi traída por ele. Jasão contesta, atribui sua salvação a Cípris e sustenta que Medéia teve mais vantagens do que desvantagens ao ajudá-lo, e que se casou de novo para prosperar e ter recursos para melhor cuidar dela, Medéia, e dos filhos de ambos. Oferece-se para ajudá-la no exílio, mas ela recusa (2º Episódio, 446-626). O Coro faz o elogio das núpcias bem sucedidas (2º Estásimo, 627-662).
Egeu, rei de Atenas, de passagem por Corinto, encontra Medéia e aceita receber os exilados em Atenas. Assim garantida, Medéia maquina a morte da noiva de Jasão e de seus próprios filhos. (3º Episódio, 663-823). O Coro evoca a cidade de Atenas e implora a ela que não faça isso (3º Estásimo, 824-865). Medéia chama Jasão, desculpa-se, pede-lhe que intervenha junto à nova esposa para reverter o exílio dos filhos e envia as crianças até a filha de Creonte com presentes. (4º Episódio, 866-975). O Coro prenuncia a morte da princesa e o infortúnio de Jasão (4º Estásimo, 976-1001). O pedagogo anuncia que os presentes foram entregues e Medéia, depois de alguma vacilação, manda as crianças para o palácio e se mostra firme em seus propósitos (5º Episódio, 1002-1120).
O Mensageiro conta que a princesa e o rei estão mortos, graças ao veneno que impregnava os presentes enviados. Medéia anuncia a morte próxima dos filhos e entra no palácio (5º Episódio, 1121-1250). O Coro ouve as súplicas e os gritos das crianças, recorda a lenda de Ino (5º Estásimo, 1251-1292) e conta a Jasão que seus filhos foram mortos pela própria mãe. Quando Jasão tenta entrar no palácio, Medéia aparece acima dele, sobre a carruagem de Hélios, seu avô; diz a Jasão que tudo aconteceu por culpa dele e parte, levando os corpos dos filhos.



Referência
(Texto Adaptado)TORRANO, JAA. Eurípides / Medéia. São Paulo: HUCITEC, 1991.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

“De utensílios ritualísticos à psicologia moderna, a história das máscaras está ligada à própria história do homem”


Acredita-se que as primeiras máscaras surgiram na pré-história e representavam figuras da natureza. Essas tribos primitivas pintavam a máscara no próprio rosto em cerimônias religiosas utilizando pigmentos naturais, sendo considerada assim um objeto religioso utilizada em rituais, para garantir a caça, a fertilidade, afastar maus espíritos, venerar os antepassados ou louvar os deuses.


Também é conhecido o costume dos egípcios de confeccionar máscaras funerárias, acreditando, segundo sua religião, que os mortos, dessa maneira, seriam reconhecidos pelos deuses. Uma das máscaras egípcias mais famosas é o busto do faraó Tutankhamon, que data do século XII a.C e se encontra atualmente exposta no Museu do Cairo.


O uso da máscara como elemento cênico surgiu no teatro grego, por volta do século V a.C. O símbolo do teatro é uma alusão aos dois principais gêneros da época: a tragédia e a comédia. A primeira tratava de temas referentes à natureza humana, bem como o controle dos deuses sobre o destino dos homens, enquanto a última funcionava como um instrumento de crítica à política e sociedade atenienses.”¹
Existiam máscaras para todas as representações e durante o espetáculo os atores trocavam de máscara inúmeras vezes, cada uma representando uma emoção ou um estado do personagem.

¹Klein, Natália. O enígma das máscaras. Disponível em: http://www.rabisco.com.br/56/mascaras.htm. Acesso em 15/05/2007







O filósofo grego Aristóteles, nascido no ano de 384 a.C., acreditava que a tragédia não tinha uma influência negativa sobre os gregos, sendo, ao contrário, importante para sua educação e desenvolvimento. Ela tinha a função de ensinar as pessoas a buscar a sua “medida ideal”, não pendendo para nenhum dos extremos de sua própria personalidade.
Dessa forma, o principal papel da tragédia era a catarse, descrita como o processo de reconhecer a si num espelho, ao mesmo tempo se afastando do reflexo, como se a pessoa observasse a própria vida. Isso permitia que ela lidasse com os problemas que ainda não tinham sido resolvidos e refletisse sobre ele e seu cotidiano, exteriorizando as emoções e interiorizando os seus pensamentos racionais.
Durante a apresentação da tragédia a catarse ocorria quando o herói passava da felicidade para a infelicidade. Nesse momento, a reflexão proveniente da catarse permitia o crescimento do indivíduo, que conhecia, assim, o limite de seu métron, que era sua medida ideal.


Eurípedes considerado por Aristóteles o “maior dos trágicos”, dizia que o coração feminino era um abismo que podia ser preenchido com o poder do amor ou o poder do ódio. Atualmente, alguns o consideram como o primeiro psicólogo, uma vez que se dedicava ao estudo das emoçoes humanas, principalmente nas mulheres.
As obras de Eurípedes conduziam a catarse, o que não acontecia nas olbras dos outros trágicos. Em uma sociedade machista e patriarcal, ele enfatizava a mulher e suas ações quando estava apaixonada ou tomada de ódio, defendendo que o amor e o ódio eram responsáveis pelo afastamento do métron de cada um.
Como exemplo de tragédias nas quais os sentimentos e as emoções são apresentados à flor da pele cita-se três de suas tragédias por ordem de criação: Medéia (431a.C), As Bacantes (405 a.C) e Ifigênia de Áulis (405 a.C).

quarta-feira, 11 de abril de 2007




EM CONSTRUÇÃO...